“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os
mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E,
se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se
Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E
assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois
testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não
ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos
não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também
os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta
vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Coríntios 15:12-19).
A ressurreição de Cristo confere aos seus beneficiários -
os crentes salvos por Jesus Cristo – consequências positivas tanto para o
presente como no porvir. Actualmente e na sua perspectiva espiritual, a
ressurreição promove os crentes em Jesus à novidade de vida (Romanos 6: 4),
permitindo-lhes experimentar, pela fé, antecipadamente, a vivência “nos lugares
celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2: 6).
A verdade da ressurreição de Cristo serve também como
fundamento para a realidade da justificação, recebida por aqueles que confiam
somente na obra expiatória de Cristo, que “ressuscitou para nossa justificação”
(Rom. 4:25). Assim, pela fé, entregamos os nossos pecados a Jesus e Deus perdoa-os,
considerando-nos inculpáveis, porque tem em conta o sacrifício substitutivo
realizado por Seu Filho amado, que foi feito pecado por nós “para que, Nele
fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21).
Em 1 Coríntios 12:15-19, Paulo descreve à igreja de Corinto
a conclusão lógica de duvidarem da ressurreição. O raciocínio do apóstolo é o
seguinte:
1. Negar que os crentes serão ressuscitados é negar que Cristo ressuscitou.
2. Negar que Cristo ressuscitou é considerar vã a nossa fé.
3. Se a nossa fé é vã, então ainda permanecemos em nossos pecados.
4. Se nós, que confiamos em Cristo para a salvação, ainda estamos em nossos
pecados, então aqueles que já morreram em Cristo pereceram, e nós
experimentaremos o mesmo destino.
5. Isto significaria que aqueles que, agora, ‘estão em Cristo’ são dignos de
piedade, porque vão morrer em seus pecados e ficarão, consequentemente, separados
de Deus.
6. Além disso, se Cristo não ressuscitou, nós, que somos crentes em Cristo, mentimos
quando pregamos que Cristo foi ressuscitado!
Vemos, portanto, que, para o apóstolo Paulo, as
consequências lógicas de duvidar da ressurreição corporal é assunto muitíssimo
sério, pois a ressurreição do corpo é um aspecto vital da totalidade da redenção
que desfrutamos em Cristo. O que está em jogo é nada menos que a nossa
salvação eterna!
Paulo argumenta que Cristo, realmente, ressuscitou
fisicamente e que esse facto garante que aqueles que Lhe pertencem também
hão-de ressuscitar. A conclusão explícita é que existe um elo inquebrável entre
a validade da ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição, de modo que, se
não formos ressuscitados, então é porque Cristo também não ressuscitou! E o
inverso também é verdadeiro: se Cristo não ressuscitou, também nós não seremos
ressuscitados.
Mas se a ressurreição de Cristo é historicamente
verdadeira, como cremos que é, isso deve influenciar a forma como entendemos os
nossos corpos: a morte, realmente, não é o fim! O solo terreno serve apenas de “depósito”,
ou local de descanso temporário, até que chegue o dia em que seremos chamados à
glória para assumirmos a nossa nova estatura corpórea que, à semelhança do corpo
de Jesus ressuscitado, nunca mais experimentará corrupção ou qualquer tipo de deterioração.
Cristo prometeu e garantiu, através da Sua obra salvífica
realizada a nosso favor, que nós, filhos e filhas de Deus pela fé em Jesus
Cristo, O acompanharemos onde quer que Ele estiver. A nossa identificação com o
Senhor Jesus ressuscitado é tal que, para onde Ele for, nós também iremos! E para
onde é que Ele foi? Como Deus incarnado, Jesus foi preparar-nos um lugar e,
quando Ele voltar em glória na segunda vinda para finalmente consumar Seu
reino, levar-nos-á com Ele para esse lugar (João 14: 2-3). Não como meros seres
espirituais, mas sim na qualidade de seres com corpos glorificados semelhantes ao
Seu corpo glorioso da pós-ressurreição.
Mas de facto Jesus Cristo ressuscitou de entre os mortos,
sendo Ele as primícias dos crentes que dormem nas sepulturas (1 Coríntios 15:20);
é o símbolo, ou credencial que garante que virá o dia em que nos uniremos com
Ele em glória. A ressurreição de Jesus foi a primeira, mas certamente não será
a última (Atos 26:23). Como tal, nós também estaremos com Cristo e seremos
semelhantes a Ele na Sua natureza corpórea, possuindo corpos físicos, que serão,
como o Seu corpo físico glorificado, perfeitamente adequados para desfrutar uma
eternidade na presença excelsa do nosso Criador e eterno Deus triuno!
De facto, nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou e vai
voltar, trazendo com Ele em glória todo o Seu povo - independentemente do
tratamento de seus corpos após a morte - para uma vivência eterna, com Ele, em glória para nós agora inimaginável! (1 Coríntios 15:22; Cl 3: 3; 1Ts 4:16-17; 5: 9-10).
A nossa actual união espiritual com Cristo, pela fé, implica que, de certa maneira,
o que acontece com Ele na glória também acontece connosco aqui e agora. Já “fomos
‘ressuscitados’…e estamos juntamente com Ele ‘sentados nos lugares celestiais
em Cristo Jesus’ (Efésios 2: 6).
Espiritualmente, e segundo o ensinamento bíblico, em
resultado directo da nossa salvação já estamos mortos para o pecado e vivos
para a justiça, pois fomos ressuscitados com Cristo e desfrutamos a Sua glória
preeminente “nos lugares celestiais”, embora ainda não tenhamos recebido algo
que Cristo já recebeu, isto é, a gloriosa ressurreição dos nossos corpos. É
isso que espera todos os crentes em Cristo, e é isso que irá acontecer com a
segunda vinda Jesus!
A nossa futura ressurreição será padronizada pelo que foi
a Sua ressurreição: o evento histórico mais sublime e glorioso de sempre e o início
do dominó escatológico que pôs em movimento a profetizada restauração de todas
as coisas e que culminará com a ressurreição corporal de todos aqueles que estão indissoluvelmente
unidos a Cristo pela fé. Seguramente, havemos, então, de ouvir a voz de Jesus
dizer algo mais ou menos assim: “saí da sepultura, ó benditos de meu Pai, e experimentai a
esperada ressurreição para a vida eterna!” (João 5: 28–29). E assim acontecerá!
A verdade da ressurreição de Cristo permite-nos, pois,
considerar a nossa ressurreição como se ela já tivesse acontecido! Podemos
afirmá-lo convictamente, com base no ensinamento bíblico. Neste domingo pascal,
meu irmão e irmã em Cristo, quando, na acção e poder do Espírito Santo que em
nós habita, afirmarmos: “Aleluia! Jesus ressuscitou!”, lembremo-nos também de
que, a veracidade desta bendita proclamação garante-nos que o mesmo irá acontecer
connosco e, então, havemos de dizer em atmosfera de alegria indizível:
“Ressuscitámos! Aleluia! Verdadeiramente ressuscitámos!” E, assim, estaremos
para sempre com Jesus!
Aleluia! Bendito seja o nome do Senhor!
“Portanto,
se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo
está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas
que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também
vós vos manifestareis com Ele em glória.” (Colossenses 3:1-4).